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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Manifesto Libertário por Ricardo Líper



Pois é, o capitalismo é um fato. O que se entende por capitalismo? Em linhas bem gerais: todo mundo quer ganhar dinheiro. E na democracia todo mundo quer ter a liberdade para tentar ganhar dinheiro para lutar nessa selva que se instaura quando todo mundo quer ganhar dinheiro. Entretanto, o dinheiro, que não é a mesma coisa do capital,  todos aprendem cedo que vale tudo para ganha-lo e, se possível, o transformar em capital para poder explorar o trabalho dos outros.

 Nietzsche e Schopenhauer tiveram uma visão do mundo, no meu entender, bastante realista e que tem muito a ver com o mundo  nosso de cada dia no qual todo mundo quer poder e dinheiro mesmo dizendo que não. E todos estão certos. Pois essa é a essência do mundo e das sociedades em que vivemos. Schopenhauer escreveu que a essência do mundo era uma vontade cega que o governava criando seres para morte e os fazendo sofrerem porque levados a ter uma série de desejos ilusórios que levam, na realidade, ao sofrimento. Ele deu como saída dessa condição,  de todos os seres e do homem, o ascetismo. Uma vez que o ser humano é dotado de razão, ele pode optar por não satisfazer a vontade cega e sem sentido que é a essência do mundo, da vida e das coisas.

 Já Nietzsche discordou dele porque via o mundo como a luta entre poderes. Tudo e todos queriam ter poder sobre tudo e todos. E, em termos de seres humanos, a vontade de potência, de poder era a regra e uma coisa boa. Mas repito, não só a vontade de poder humano, mas a regra da natureza seria essa. E não poderíamos escapar a ela porque seria a essência da natureza.

Portanto, nada é muito racional e lógico no mundo nem natural nem social devido à vontade de poder e o ganhar, desesperadamente, dinheiro. Nós gostaríamos que fosse diferente, quando raciocinamos, mas a realidade não permite. Mas continuamos querendo que fosse diferente porque viver no caos, desesperadamente, nos violando e aos outros para ganhar dinheiro é uma tortura diária essencial. E  então surge a utopia, o sonho surge como oposto à realidade sem sentido e, por isso, malévola, que nos oprime.

 Bem, o problema, então, é como realizar a utopia. Como recusarmos a irracionalidade da natureza, leiam Schopenhauer e Monod sobre  o sem sentido de tudo que nos cerca, e termos a força necessária para vivermos com os outros sem, lembrem de Sartre, o inferno serem os outros?

Para a dinâmica do capitalismo foi necessário que a democracia se instalasse. É, a irracionalidade do mundo e das coisas, nem sempre é má. Apenas, precisamos está atentos para usá-la em nosso proveito. E aí está o que me parece mais sensato. Devemos lutar para nos libertar da absoluta irracionalidade e do caos em que vivemos. Nessa luta nada excluo. Aceito todos que querem lutar. Dos partidos às individualidades. Só que as lutas adquirem várias formas. Desde individualidades rebeldes até os partidos mais corruptos e autoritários. Todo político sabe que o negócio é negociar. Ser crápula pode ser até melhor, para se chantagear, usando a linguagem dele, comprá-lo e atingir um objetivo melhor para humanidade. As primeiras mulheres rebeldes e as atuais, mesmo não organizadas por acharem que toda organização oprime, sempre fizeram e fazem muito pela libertação das mulheres e sempre foram  tão feministas  como as feministas. Emma Goldman mostrou isso. Simone de Beauvoir também. Lou Salomé, as Zefinhas da vida e muitas outras.  Assim como os negros, os índios, quem faz sexo com o mesmo sexo mostraram de forma mais eficiente seu potencial de mudar a sociedade. Isto é, lutamos também livremente. E para mudar a realidade basta, ás vezes, apenas pintar o cabelo de vermelho. Os punks. Lembram-se? Os hippies, os beatniks, toda essa gente que contribuiu para podermos nos vestirmos como quisermos, pensarmos livremente. Ah.  A internet. A tecnologia essencial para o desenvolvimento das elites dominantes deixa brechas para a liberdade. A internet é anarquista. Todos falam. Todos gritam. Ela é difícil de ser controlada.  As organizações dos excluídos também são muito importantes. Elas fazem muito. Foi muito bom que as lutas dos oprimidos, onde os operários, que se julgam oprimidos, estão incluídos, se pulverizassem em vários grupos e individualidades. Esses grupos pressionam os políticos e seus partidos e vamos mudando aos poucos, mas nem sempre tão devagar, a realidade em direção de uma sociedade mais libertária. Pois é, o futuro está no socialismo libertário. Estamos caminhando nessa direção. Quando eu era pequeno, e não faz tanto tempo assim, cretino, fiquei sabendo que ocorreu uma batida da polícia em uma casa e levou todo mundo preso porque estava havendo uma festa de casamento entre veados. Hoje, nos países mais civilizados e democráticos do mundo, isso seria impensável e ilegal porque essas festas se dão em comprimento da lei. E,  embora muitos esquerdistas praticando do esquerdismo não gostem, já tem negros na casa Branca, mulheres mandando em muitos governos  e um rebelde  na Venezuela ainda no governo. Não me venha com esquerdismo. É muito bom sim tudo isso. Equilibra os poderes. Em resumo: os grupos e as individualidades lutando diariamente contra a opressão, levando os partidos a reboque ordenam a desordem do autoritarismo modificando assim a sociedade  e o capitalismo. É, sou otimista, mas não por um sentimento ou desejo ou maneira de ser, mas porque sei ler a realidade. Lutas descentralizadas, unindo-se ou não, mas todos caminhando, querendo ou não, em direção de sociedades mais  libertárias e socialistas. Essa é nossa função. E como faz bem a alma sabermos que queremos a liberdade de todos e a felicidade de todos nessa imensa diversidade que se chama humanidade que a faz ser essencialmente liberdade. 

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