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domingo, 13 de maio de 2012

Imprensa: Reconstruindo a Realidade

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A semana passada foi conturbada para a Imprensa Brasileira. No domingo passado a TV Record anunciava a participação de Jornalista da Revista Veja nas maracutaias produzidas pelo bicheiro (contraventor, corruptor, etc) Carlinhos Cachoeira. A Revista Carta Capital também atacou sua "co-irmã" (tsc, tsc).

Hoje peguei a Revista Veja dessa semana para ver a resposta. A Revista da família Civita não deu o braço a torcer. Não deu qualquer desculpa sobre os métodos heterodoxos (na realidade de tão usados são é ortodoxos) do seu jornalista para conseguir informações do bicheiro goiano.

Mas, para nossa felicidade, em uma de suas reportagens, ela mostra para seus leitores as formas com que se consegue manipular informações dentro da Internet. "Táticas de guerrilhas nas redes sociais", "Fraudes nos Treding Topics do Twitter"... são facetas reveladoras de como o jornalismo brasileiro se encontra evoluído (sic). Nada como uma crisisinha entre os burgueses donos da imprensa para que tenhamos alguma coisa de útil.

Lembrei de um pequeno texto que escrevi há uns 5 anos atrás sobre as maneiras de se Fabricar Notícias. Como diz a Veja: Internautas, fiquem de olho neles"... Dentro desse pronome "NELES", favor encaixar a própria Veja e este honroso e glorioso Blog dos Inimigos do Rei também (rs, rs).

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Gostaria, nesta semana, de falar um pouco mais sobre o que poderíamos definir como a Fabricação de Informação no Jornalismo.

Até que ponto a imprensa manipula ou não os fatos e acontecimentos, criando representações de mundo que convêm ou aos jornalistas, ou aos seus chefes?

Há muita gente escrevendo sobre isso pelo mundo. Aqui no Brasil, Ricardo Antunes em artigo sobre a greve dos petroleiros em 1995 afirmava que a opinião pública (que execrou a greve) era na realidade a opinião que se publicava (ou a de quem publicava), ou seja, as opiniões hegemonicamente contrárias a greve.

Pierre Bourdieu, sempre expôs suas críticas contra os jornalistas, acusando-os de construtores de representações sociais, devido a seu grande poder:

Segundo ele, no livro "Sobre a Televisão", "Os jornalistas devem sua importância no mundo social ao fato de que detêm um monopólio real sobre instrumentos de produção e de difusão em grande escala da informação, e, através desses instrumentos, sobre o acesso de simples cidadãos, mas também de outros produtores culturais, cientistas, artistas, escritores, ao que se chama por vezes de 'espaço público', isto é, de grande difusão".

O que se põe em discussão, sabendo-se deste poder, é sobre o que se faz com esse poder, ou mesmo, se queremos este poder utilizado de forma não democrática dentro da sociedade. O que está em debate também neste tema é um equilíbrio entre liberdade e controle de expressão.

A Revista Superinteressante desse mês de julho tem como reportagem de capa a "Energia Nuclear", denominando-a, ali mesmo na capa, de "vilão que pode salvar a Terra", e que ela havia se transformado na "maior esperança da ciência contra o aquecimento global".

Mas, infelizmente, somente dentro da revista as coisas começam a tomar rumos diferenciados. No editorial retoma-se um tom mais realista, deixando mais ou menos claro que a energia atômica não virou algo inofensivo. A grande questão é saber-se se a capa já não influenciou o leitor para que tome posição favorável ao uso daquele tipo de energia.

No livro "A Fabricação da Informação", os autores Florence Aubenas e Miguel Benasayag, são otimistas com relação à percepção pública da relação entre realidade e jornalismo:

"Depois de ter acreditado por muito tempo que uma coisa é verdadeira 'porque está escrita no jornal', a convicção popular se inverteu. De palavras sagradas, as notícias fornecidas pela imprensa tornaram-se, aos olhos dos que a lêem, forçosamente falsas, ou sempre suspeitas".

Tomara que as pessoas estejam mesmo de olhos bem abertos.

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Querendo um pouco mais de informação sobre o tema siga o Link:

4 comentários:

  1. está tudo dominado...

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  2. hannah arendt:

    “O totalitarismo não tende para um reino despótico sobre os homens, mas para um sistema no qual os homens são supérfluos. O poder total pode ser atingido e preservado apenas em um mundo de reflexos condicionados, de marionetes, que não apresentam o menor vestígio de espontaneidade”

    in: origens do totalitarismo

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  3. 10.000 acessos em 5 meses. Bom trabalho, Inimigos do Rei !!!

    Ana, do Curuzu.

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  4. A imprnesa sempre teve lado. Por exemplo. Os juros estão nas alturas porque também falta debate nos jornais que são comissionados por ordem de comerciais rotineiros por parte dos bancos. O mesmo acontece com o preço dos carros. ACM sempre foi louvado pela imprensa baiana, mesmo quando ridicularizado por atuação suspeita. Agora mesmo vemos o caso do jornalista da Veja sendo acariciado pelos outros comunicadores sem que uma análise mais profunda seja feita. A imprensa nativa anda muito criticada, infelizmente, com razão.

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