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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

JORNAL COMENTADO 26


tony PACHECO*

5:47 – 27.12.2012 – quinta-feira

Eu sei quem “vandalizou” a estátua de Jorge

“Polícia abre inquérito para identificar autor de vandalismo contra escultura”
(Correio)
Espírito anarquista de Zélia lascou um beijo no rosto do companheiro Jorge

Nem precisava de tanto "rebuliço" da mídia e da Polícia: aquilo é obra do espírito anarquista de Zélia Gattai, mulher de Jorge Amado, que também faz parte do monumento. Anarquistas são, por princípio, iconoclastas, portanto, tudo que é ícone é um bom alvo para um protesto. Não estou aqui a justificar, só a constatar.
Para quem não sabe (e, por sinal, a mídia parece não saber e os policiais também...), na obra literária de Zélia Gattai destaca-se o livro “Anarquistas, Graças a Deus”, memórias da vida familiar de Zélia publicado em 1979 e que virou minissérie na platinada Rede Globo, em 1984. Na obra, Zélia revela que seus pais eram militantes anarquistas italianos. Vieram de Florença para o Brasil. O pai, “seu” Ernesto, um admirador de automóveis como eu (hehehehehe), e “dona” Angelina, filha de católicos originários do Vêneto (norte italiano): neste mundo familiar viveu Zélia, não por acaso, uma mulher que sempre viu criticamente a militância do seu marido no Partido Comunista Brasileiro (aquele, histórico, não o sucessor, o PCdoB, das malas de dinheiro na garagem do Ministério, das “obras” da Copa, “obras” das Olimpíadas, ONGs...), já que o PCB, à época, era stalinista. Sim, Jorge Amado defendia o autor intelectual e material de milhões de assassinatos na Rússia (então chamada União Soviética).
Em “Anarquistas, Graças a Deus”, Zélia também dá um grito de independência em relação ao marido, já então, em 1979, rompido com os stalinistas. O livro da escritora, também homenageada na estátua do Rio Vermelho, é da mesma origem rebelde daquilo que chamam agora de “vandalismo”.
Naquele A circulado, como se fora uma antecipação da futura Internet, onde o A é minúsculo, mas circulado e interrompido, está O BEIJO do espírito de Zélia no marido, como a querer lembrá-lo que a vida NÃO PODE SER TÃO SÉRIA.
Post scriptum: ah, e para os jornalistas e policiais, um conselho – se vamos mesmo cuidar, a partir deste momento, da estatuária do município de Salvador, eu aconselho a deixar um pouquinho a estátua de Jorge e Zélia de lado e verificar que A MAIORIA ABSOLUTA de nossas estátuas está vandalizada, sem aspas, e nunca ninguém se deu ao trabalho de ver o que está acontecendo. Se vamos investigar, investiguemos todos os casos.

“Horóscopo”
(Correio)

Este Oscar Quiroga, horoscopista do “Correio”, tem saques geniais.
No meu signo (Leão), hoje, ele diz: “Reunir-se com as mesmas pessoas de sempre não garante a mesma experiência. Acontece que as pessoas são sujeitas a mudanças de humor e, às vezes, a combinação de várias delas presentes acaba produzindo discórdia.”
Jesus, meu pai! Este homem é psicanalista, sociólogo, muito mais que horoscopista.
De fato, com essa consciência, passei 15 réveillons de minha vida em lugares totalmente diferentes, vendo gente que nunca tinha visto. Fortaleza, Belém, Natal, Recife, Ilhéus, Maceió, Búzios, Porto Seguro, Juiz de Fora, Rio de Janeiro. Enquanto tive ânimo e di$$$posição, fiz isso pois intuí que se ficasse com os meus, ia apenas ver nossos problemas serem POTENCIALIZADOS pelo álcool e, em alguns casos, por outras substâncias que eu não uso (não por serem ilegais, apenas porque minha TAQUICARDIA não deixa), mas cada vez mais gente usa.
É uma mistura diabólica. Siga o horóscopo de Quiroga, evite réveillon com familiares e gente íntima demais. Se não puder viajar ou ir para um réveillon chic no qual não conheça ninguém, então pegue uns bons filmes e um bom vinho e fique em casa. Não esqueça do filme “Parente é serpente”. Se não conseguir na locadora nem no pirateiro, baixe na Internet. Você vai entender o que Quiroga quis dizer com “a combinação de várias delas presentes acaba produzindo discórdia”...



 “Taxistas estão cobrando pelo ar condicionado”
(Tribuna)

Mas tem cada uma que se lê em jornal que só duas...
Cobrar por ar condicionado ESTÁ PREVISTO NA LEI. Não é nada de irregular. Só quem não entende nada de automóvel estranha a cobrança prevista na lei. Ora, ainda não se inventou um aparelho de ar condicionado que não exija do motor do carro MAIS CONSUMO DE COMBUSTÍVEL. Se na nossa casa, o aparelho domiciliar é o que mais puxa energia do relógio da Coelba, no carro é a mesma coisa: ligou o ar, o motor gira mais e consome mais álcool, gasolina ou gás. Não tem escapatória. Quer ar, pague mais. É lei.

“De dona Maria para seu Barbosa”
(Correio)

Uma delícia a carta que Emmerson José escreve assinando com o alter ego “dona Maria”. Ele alfineta tudo na pág. 2 do “Correio” de hoje: a vagabundagem que é esta lei do menor, no Brasil, que criou os “soldados jovens do crime”, pois toda quadrilha de traficante, ladrão e assassino que se preze tem MAIORIA de homens de frente aquela meninada entre 12 e 18 anos, que pode vender crack, roubar e matar pessoas sem que lhes aconteça NADA. Só ir passar umas férias em instituição de “ressocialização” (como se isso fosse possível no mundo real...), na qual, na verdade, ATUALIZA-SE AS TÉCNICAS DO ROUBO, DO ASSASSINATO E DO TRÁFICO.
Também alfineta a Lei Seca, esta maneira que o Congresso e dona Dilma arranjaram para REARRUMAR AS FINANÇAS PÚBLICAS. Afinal, esquizofrenicamente, como compete, dá-se isenção de IPI para a compra de carros e COBRA-SE a isenção com o aumento das multas por dirigir o mesmo carro assim ou assado.
Valeu, Emmerson, você é mineiro, mas é muito bem humorado!

A BAHIA SEM LUZ E SEM ÁGUA

“323.367 domicílios não têm energia elétrica na Bahia. Cerca de um milhão de pessoas. Ainda bem que a Copa do Mundo vai resolver isso.”
(Paulo Barata, no Facebook)

“Manifestação trava trânsito na Estrada Velha do Aeroporto”
(A Tarde)

“Moradores fecham a Estrada Velha em protesto contra Embasa”
(Correio)

Paulo Barata, para quem não conhece (e ele nem me autorizou que o apresentasse, mas vou correr o risco...), é um baiano da gema que tive o prazer de me tornar amigo antes que mudasse para o Rio de Janeiro para fazer a vitoriosa carreira na TV fechada. Mais detalhes, vão ao Google. O que mais me lembro de Barata (que é parente dos Simões do jornal “A Tarde”), a quem chamo de “Paulin”, é o Corcel da família que ele veio me apresentar e vimos que apesar de fazer 14 km com um litro de álcool, o carro da Ford tinha um arranque fantástico. Hoje, nenhum carro popular tem um torque daquele e nenhum Ford, Fiat, Volks, Chevrolet  ou o que seja, faz mais do que 6 ou 7 km com um litro de álcool. Dobrou o consumo dos motores. Com a palavra os senhores usineiros e seus políticos amestrados...
Também me lembro de sentar no muro da casa da família de Barata na Ladeira do Bonfim, tomando vinho branco gelado no fim de tarde, e vendo os muitos turistas passando. Isso naquela época..., pois hoje, os sacizeiros não deixam mais ninguém subir a pé aquela ladeira, nem na Lavagem de janeiro, quanto mais (falo em causa própria, já fui assaltado duas vezes ali, uma em dias normais, outra numa lavagem).
Pois, “Paulin” mostra que está no Rio mas está ligado na Bahia. Sim, somos campeões em casas sem luz elétrica. Quase 1 milhão de baianos ainda na base do “fifó”, como diz meu amigo, o jornalista Alex Ferraz. É a Bahia “de todos os nós”. Parecem escoteiros: vá gostar de nó assim...

DIALÉTICA

E, onde tem luz, tem água. E, aí vejam a dialética jornalística. Enquanto “A Tarde” esconde na manchete a razão do protesto e coloca apenas a sua consequência (faltou água, eles colocam que teve engarrafamento), o “Correio” faz jornalismo e diz no título tudo. Já a “Tribuna” não viu o acontecimento que parou um quarto de Salvador no primeiro dia depois do Natal. E não foi o enterro de Dona Canô Veloso.
Mas, a Copa do Mundo está aí, com SEU LEGADO para a população: muita cerveja nos estádios, mas sem luz e água em casa. Kkkkkkkkkkk

* Tony Pacheco tem formação acadêmica em Psicanálise (SPOB), Jornalismo (UFBA), Economia (UFJF) e Radialismo (curso superior de radialismo de Itabuna-BA). Mas, nem sempre leva isso muito a sério, como agora.

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