Filmes Comentários

sexta-feira, 31 de maio de 2013

QUANDO MALUCO É O PSIQUIATRA.

JORNAL COMENTADO 114

6:38 – 31.05.2012 – Sexta-feira

Tony pacHECo*

OU: DE QUANDO O DOENTE É O MÉDICO...


Jude Law, psiquiatra. Catherine Zeta-Jones, psiquiatra. Channing Tatum, chamariz de bilheteria. Rooney Mara, a meninazinha desnorteada (hum!!!) 

Filmes realmente bons são vistos por poucos.
Quando digo aos meus amigos que a oligofrenia é o traço majoritário da Humanidade, eles me esculhambam e dizem, em contrapartida, que eu meço o mundo pela régua do meu pequeníssimo mundo, e que, isso, epistemologicamente, é incorreto. Sim, epistemologicamente falando eu posso estar usando um argumento pseudo-cético, mas quando constato que um filme como “Terapia de Risco” lota a sala até o talo e, no entanto, o exibidor o coloca na pior sala do Cinemark Salvador Shopping e que o exibidor da UCI Aeroclube simplesmente o tira de cartaz inexplicavelmente, então, não estou com pseudo-ceticismo, estou apenas gritando como a meninazinha no cortejo do soberano pelado: “O rei está nu!”. É constatação, não é ilação nem delírio.
Mas, CHEGA DE NARIZ-DE-CERA.
Os médicos, na mais importante nação do mundo, os Estados Unidos, estão na berlinda há alguns anos. Primeiro foram os cirurgiões, acusados de imperícia e muitos presos ou multados, com muitas interdições também. Depois vieram os nutricionistas, que viveram anos milionários, criando fórmulas mágicas de emagrecimento e agora são vistos como charlatães e muitos foram processados. E, finalmente, a onda desmistificadora contra a Medicina chega à Psiquiatria, o médico que pretende entender o que passa pela cabeça do ser humano.
É sobre isso que fala “Terapia de Risco”, embora o título original seja mais revelador: “Side Effects – One pill can change your life” (Efeitos Colaterais – Um comprimido pode mudar sua vida).

“CABEÇA DE GENTE NÃO É LUGAR QUE SE PASSEIE”

Quem me ensinou isso foi Dona Floripes, falecida mãe do meu compadre César. Sábia mulher.
Para muitos intelectuais, a Psicanálise, a Psicologia e a Psiquiatria estão para a Ciência assim como a Meteorologia está. Eles simplesmente não acreditam que este ramo do conhecimento passou do achismo para a certeza científica. De qualquer sorte, o que Freud, Jung, Lacan ou John Watson determinaram até agora sobre o que vai no nosso cérebro, já dá para os especialistas neste ramo terem UM GRANDE PODER SOBRE AS PESSOAS.
É disso que se trata “Terapia de Risco”: o quê a nossa inescapável humanidade pode aprontar com outros seres humanos quando detemos um CONHECIMENTO que não é comum a todos.
Destaque especial para o momento em que a personagem de Catherine Zeta-Jones diz a Jude Law: 
"POR VOLTA DOS 14 ANOS AS MULHERES APRENDEM A DISSIMULAR ENQUANTO OS HOMENS APRENDEM A MENTIR".

RESUMO DA ÓPERA

“Side Effects” fala de um jovem investidor milionário (Channing Tatum, que só aparece para chamar bilheteria – não tem mulher hétero nem homem homo que resista a este rapaz, aí a bilheteria “incha”, como em "G.I. Joe"...) que é preso por fraude, lançando sua esposa (a jovem e excelente Rooney Mara) na miséria. Ela procura ajuda psiquiátrica em Catherine Zeta-Jones, que de tão boa atriz, você bate o olho e vê mesmo aquela psiquiatra-maluca arquetípica sem precisar fazer careta. De repente, a jovem que tem o marido presidiário se vê às voltas com o dia em que ele sairá da cadeia e mete o carro dela numa parede propositalmente. E procura o psiquiatra vivido por Jude Law, um dos melhores atores britânicos da atualidade, sem favor algum.
E onde entra a nossa “inescapável humanidade”? É o axioma freudiano: todos viemos a este planeta para gozar. Saímos da vagina de nossas mães direto para o peito delas e se ela nos tira o peito um minuto, abrimos um berreiro para voltar a mamar e dali por diante, procuramos mamar em tetas suculentas até o final dos nossos dias, mesmo que pelo caminho destruamos muitas vidas.
Os médicos do filme usam seu saber apenas para enriquecer e resolver os seus problemas e não o de seus pacientes. O filme é absolutamente perfeito e deve ser visto não só por médicos (a sala estava cheia deles), mas por todos nós, seres humanos mortais também...

CORRIDA DE OBSTÁCULOS PARA IR AO CINEMA

Salvador, realmente, é uma cidade louca e sempre caótica.
Olhei no “Correio” a lista de filmes e vi que “Terapia de Risco” estava passando em um só cinema em Feira de Santana e, em Salvador, em dois: às 15 horas no Aeroclube 10, e às mesmas 15 horas, no Cinemark 6 Salvador Shopping.
Fui direto ao Aeroclube, pois sou pobre e quero cinema mais barato com a mesma qualidade de exibição. Chego à bilheteria e a mocinha diz: “Foi só até ontem”. Não discuto com mocinhas na Bahia. Elas e “o rapaz” são entidades poderosas demais para mim.
Pego o carro e aproveito o trânsito suave do feriado e ponho os 200 cavalos para correr e chego no Cinemark Salvador Shopping às 14:50.
Pensem numa visão do inferno...
Todas as máquinas de comprar bilhete eletrônicas com filas imensas. Todos os caixas da bilheteria normal com filas imensas.
Escolho uma fila onde dois casais aparentando 16 anos, estavam animados se esfregando. Dá 15 horas. Sessão começada. Desesperado, pergunto às meninas e aos meninos esfregadores: “Meu filme é ‘Terapia de Risco’ e já começou. Posso passar à sua frente? Sei que vocês verão a sessão das 15:40 dos filmes mais animados...”
Pra quê eu disse isso... “Só porque a gente é novo não pode gostar de filme bom não? A gente vai assistir Channing Tatum também...” Quando ela disse Channing Tatum obteve logo a anuência da outra menina e dos dois meninos com o mesmo entusiasmo juvenil. E eu, desesperado, entrei na sala com alguns poucos minutos do filme começado (vou baixar depois na Internet pra rever várias vezes).

E, aí, outra surpresa de profissionais que esculhambam este mundo: VOCÊ OUVE, O TEMPO TODO, O SOM DA SALA VIZINHA. Deduzi que era “Velozes e Furiosos 6”, pelas freadas que ouvíamos claramente, roubando nossa atenção das falas de Jude Law à nossa frente. É assim, nossos baianíssimos engenheiros NÃO SABEM O QUE É ACÚSTICA. Nunca ouviram falar em ENGENHARIA DOS MATERIAIS. E, assim, temos uma Itaipava Arena Fonte Nova onde não se ouve nada e também uma sala 6 do Cinemark onde se vê um filme e se ouve o som de dois filmes...
Relaxei e gozei!

* tonY Pacheco é jornalista-radialista profissional, mineiro de cabeça e baiano de corpo...

2 comentários:

  1. Você hoje se superou. Espera-se que não tenha sido o feriado. Ah! Ah! Continue assim. Neste deserto cultural. Quem mora em Salvador precisa de suas letras. Fui.

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  2. Muita gente não gosta do jeito que você esculacha os profissionais baianos dos mais variados tipos. Mas eu gosto. Sou jronalista como vocês e sei que é pouco profissionalismo pra muita tiração de onda nessa nossa Bhaia.

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