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domingo, 25 de agosto de 2013

Da série Salvador, cidade abandonada e terra de muita dor e horror

Ricardo Líper



Minha família me levou de carro para eu assistir um filme no Cine Glauber Rocha nesse domingo à tarde. Fizeram isso porque a descida na Ladeira do S. Bento a possibilidade de assalto é muito grande e eles acharam que eu arriscaria a vida em um desses assaltos. Seria quase certo. Logo depois da Igreja que está em ruinas uma linda casa de outrora que até ensinava, entre outras coisas, esperanto. No final dessa praça um hotel em ruínas também. É horror ou não? Poderia servir para serem feitos  filmes de terror para assassinatos, vampiros e tudo que é horrendo. E meus familiares fizeram jurar que pegaria um táxi para ir até o Shopping Lapa, para onde iria depois, tentar jantar, antes de ir para casa, no final do domingo. Eu jurei que não subiria a Ladeira de S. Bento para ir até o Shopping Lapa que é logo em cima dessa ladeira para quem não conhece Salvador e nos lê até na Rússia e nos Estados Unidos. 
Depois do filme, saí e atravessei a rua para pegar um táxi. Como o percurso é muito pequeno, em geral os taxistas não gostam de ir ou vão com má vontade nos dizendo desaforos, só faltando nos espancar. Eu, então, sou muito delicado e os deixo à vontade para irem ou não. Expliquei que queria ir para o Shopping Lapa porque tinha medo de ser assaltado. Ele disse que não teria problema. Que me levaria. Mas não ligou o taxímetro e disse que custaria dez reais. Pode até ser, talvez. Na realidade seria uns 7 ou 8 reais e ele me roubou 3 ou 2. Tudo bem. Não escapamos do roubo nessa cidade abandonada. Pelo menos não me rasgou como cacos de garrafas ou murros, empurrões ou mesmo a morte por causa de um celular ou alguns trocados na carteira.
Entrei quase correndo no Shopping Lapa. Fui a uma lanchonete. Não tinha a esfiha de frango, só de queijo e carne. Achei muito gorduroso. Ao lado vi uma lanchonete americana de grande nome com um tipo de salada anunciada, mas não tinha também porque faltava isso ou aquilo e não estava saindo. Tentei um fetuccine que é mais leve para noite, cheguei a pagar, mas não tinha. Só espaghetti. Eu não gosto de espaghetti e tiveram de extornar. Enfim, com muito cuidado, fui esperar o ônibus porque iria saltar perto dessa coisa ridicula chamada Arena, onde acontecia um jogo.
Poderia ter evitado o ônibus. Era apenas andar e queria andar na Av. Joana Angélica, mas o perigo de assalto seria imenso, então entrei no ônibus. Eu raciocino, nessa terra governada pelo horror,  pelo pavor generalizado estatisticamente. Talvez um assalto ao ônibus fosse menor como ao sair do carro e eu já treinei para entrar e sair muito rápido. 
Estou narrando isso para mostrar aos mais incautos, o povo que vive aqui sofrendo junto comigo, como agir. Faça tudo para não ser massacrado nas ruas de Salvador porque ninguém está ligando se você for assaltado, espancado ou morto. Estou para publicar um manual de como sobreviver nessa cidade abandonada.
A solução para uma cidade que durante muitos anos foi vítima de empreiteiros associados aos governos e continua sendo, é o voto para tirar os tiranos que nos oprimem dessa forma. Pagamos impostos e mais impostos e além disso tenho de pagar táxi, ser roubado pelo taxista, ir a um shopping que nada do que propaga ter tem de fato, e correr para casa que já foi assaltada e quase mata todos nós e agora vive o horror das imposições da Arena com sua turba que faz o enriquecimento dos empreiteiros e governantes de um dos países mais infelizes e horrendos que existem. Sugiro o voto. O voto cego. Quer dizer, não é para aquele que faz melhor. Não é isso ou que vai resolver, mas é um voto para tirar quem está no poder. Apenas isso e botar outro igual ou pior, mas tirar e quem sabe de tanto tirar o que está, algum dia alguém melhora a situação de horror.
E tem mais, está piorando e vai piorar mais. Mais impostos e mais horror. 

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