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domingo, 29 de setembro de 2013

Engarrafados, sem água, muitas vezes sem luz: Salvador.


                                                                       O Caos

Ricardo Líper

Uma das coisas que mais gosto entre as que Lula disse e que acho justíssimo foi em Itaboraí (RJ) e veiculada hoje pela Folha de S. Paulo. “Eu quero que o pobre tenha carro também”. 
Pode alguém ser contra a isso? Que o pobre possa ter seu carrinho para ter mais mobilidade, levar sua família para passear no final de semana. Carregar sua maleta, as compras do supermerado. Vai carregar suas compras, seu cretino, no ônibus? Ou ficar pagando um fortuna ao táxi se mora um pouco mais distante. E pode se privar uma pessoa de  ter o prazer de ter seu carro? Pode parecer à primeira vista que ninguém seria contra. Engano seu. Mas tem uma característica da direita que já falei noutro momento. Ela quer conforto e dinheiro só para ela, não para todos. Lula, como homem que foi pobre um dia, falou, inocentemente, com o coração. Desejou que todos tivessem carros pensando no que disse acima. Jamais ele pensou que iria revelar uma das mais violentas explorações do espaço urbano no Brasil. Esse cândido desejo de um homem simples para homens simples revelou o que não se tinha percebido antes. Não se previa isso e carro era coisa de rico. Daí a bomba explodiu e a galinha está pulando nas mãos daqueles que achavam carro e casa própria coisa só para poucos e ricos. Não se investiu em transporte coletivo decente. Porque só quem tomava transporte coletivo eram os pobres e o sofrimento é lá com eles. Mas as coisas mudaram e aí o problema surgiu de forma violenta. E por que não se investiu e previu isto? Pergunte ao vento...

“Eu quero que os pobres também tenham carros. Então, 

nós, prefeitos e governadores temos que construir mais 

ruas (...) temos que parar com essa ilusão de que fazendo metrô vai tirar o apetite de um pobre ter um carro. Aqueles que pensam isso têm o seu próprio carro. Eles querem que os pobres deixem a rua livre para eles. Nós queremos ter o direito,  nem se for para quando chegar no sábado, de colocar o carro na porta de casa e ficar a família inteira lavando a calota e passando a mão no carro". Lula falando a operários no Rio em 2010. Certíssimo!

Já disse várias vezes que sofro da síndrome de S. Tomé. Só acredito no que vejo. Não em fogos de artificio feitos por espertalhões, mas em fatos concretos. Fui a um bairro popular aqui em Salvador. Dito de forma correta: de trabalhadores e desempregados. Algumas vezes vou até lá porque tenho amigos que moram lá. Há alguns anos ninguém tinha carro. Podia se estacionar facilmente. Hoje as coisas mudaram. Reparem como quase todo mundo tem carro ou moto. Pode não ter dinheiro para botar muita gasolina, mas que tem carro, tem. Os motivos que levaram a isso. Tive um sonho com S. Tomé ontem à noite. Não existe transportes viáveis nas cidades brasileiras. Algumas têm metrô outras não. As que não têm metrô só tem ônibus e táxi e os pés. Bem,  quando o Zezinho só andava a pé ou de ônibus tudo correu bem. Mas agora o Zezinho comprou, para pagar em vários meses, um carro e passou a andar de carro. Ou num carro usado, fudido, mas que dá para ele se livrar dos transportes públicos infernais que existem, pelo menos aqui. Quem mora, por exemplo, nas Cajazeiras ou outros bairros mais distantes é viver no inferno. Tem que ter carro ou moto. Bem, mas vamos às análises sociológicas ou até, quem sabe, filosóficas. Me disse S. Tomé, em sonho, que os trabalhadores, muitos deles, que não podiam nunca ter um carro, comprou um foi depois do PT ter tomado o poder. Pode ter tido outras causas e o santo ter tomado muito vinho de missa. Mas o fato ocorreu no governo do PT. Antes Zezinho só andava de ônibus na Salvador, terra de muita dor. Essa é uma das grandes dores de Salvador: sair de casa para ir trabalhar. Tenho alunos que para chegar nas aulas que começam as 7 da manhã têm de acordar 5 horas ou antes, ainda escuro, senão não chegam.  Bem, só que ninguém esperava que o Zezinho e o seu Nhô Nhô também comprassem um carro e aí explodiu na cara de todo mundo anos e anos de opressão e corrupção. As ruas não cabem tantos carros. Ou você não está vendo isso? Engarrafa e não tem jeito. É nesse sentido que o dedo de Deus atuou. E agora, José, que a festa acabou.... Não tem jeito. Engarrafa. A culpa é do Zezinho? Não. A culpa foram de governos que nunca podiam imaginar que um fudido como o Zezinho iria comprar um carro. Mas ocorreu e agora tem famílias, as de classe média, que têm três carros.
Mas olhe o que vou dizer, hem, fui o primeiro: a direita vai reprimir quem tem carro porque não tem solução a dar.
E solução de direita é reprimir ou pela lei ou pela multa ou na porrada mesmo, prisão e assassinato. Hitler sempre viveu sobre outros nomes. Você vai ter seu carro, mas não vai poder sair nele para não  engarrafar o trânsito. Vai andar de ônibus, bebê. E aí a direita tende a  perder voto porque você vai ficar puto da vida. Você sabe o que o diabo disse ao espertalhão? Você se acha tão  esperto mas aguarde que você vai se enforcar na sua própria corda. Um amigo meu comprou uma moto usada, que está pagando aos poucos, e deixa o carro, adquirido num consórcio, na garagem ou vai vendê-lo porque não consegue chegar em lugar algum, faculdade etc., de carro. Mas ele é jovem e sabe pilotar a moto. E o resto do povo? D. Maria de mais de 70 anos? O resto se fode e ninguém está ligando desde que ganhe dinheiro. Quem está mamando vai chupar até os ossos. Como fizeram com o Haiti e alguns países que estão em guerra civil se auto destruindo. Ah, como eu gostaria de ir para Dinamarca antes disso.  Muitas vezes fico pensando que Deus existe e, como diz o povo, escreve nossa história por linhas tortas. 

 A ideologia é culpar o carro. Claro. Quem mandou Zezinho comprar carro?
Tá vendo que Hitler existe com vários nomes.
E, claro, a repressão já começou devagar: Veja: O dia mundial sem carro.  É assim que a ideologia vai conquistando os abestalhados primeiro, depois os outros confusos e meio burros e, finalmente, uma boa parte  e os rebeldes? Ou prendem, multam ou matam. Os que se convencionou chamar de vândalos. Se prepare.  Você vai andar ou a pé ou, minha nossa senhora dos desvalidos, de ônibus. Agora eles sim andarão de carro e sem engarrafamento ou voarão de helicóptero. Bem, a vida é assim, a gente age e espera o que vai acontecer. Fumou desde 11 anos, aguarde. Pode não ocorrer nada, mas pode  morrer prematuramente. Quem foi empurrado a fazer coisas como essa de reprimir o Zezinho de usar seu carro democraticamente toda hora que quiser, vamos ver o que ocorrerá. Jeito não tem e pronto. Fudeu. Inchou. Cabe a gente ficar olhando e dando risada. O PT deveria deixar eles com a galinha pulando nas mãos e promover mais a venda de carros e deixar de ser Mamãe Dolores. É carro para todos sim! Quem governa que se vire. E sem aumentar os impostos. A solução só não pode ser impedir as pessoas de ter carros ou não os poder usar. Isso seria fascismo e não democracia. Deixar engarrafar será pior. Enfim, já pensaram que qualquer medida tomada contra os carros vai fazer perder votos?

Enfim: quem pariu Mateus que o embale. 

Um comentário:

  1. Prezado profº Ricardo, lembrei-me de você ao ler este artigo de link abaixo sobre o extermínio de supostos bandidos no filme "TROPA DE ELITE 2', do qual você é entusiasta.

    Aqui está o link é só copiar e colar no navegador

    http://www.cartacapital.com.br/sociedade/matamos-amarildo-1601.html

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