Filmes Comentários

sábado, 30 de novembro de 2013

A Necessidade da Vergonha





Ricardo Líper

Os samurais quando perdiam a honra faziam o haraquiri. Se matavam. Até bem pouco tempo políticos japoneses se matam quando descobertos diante de um ato que prejudique o próximo. Não precisa se ser tão radical. Mas não precisa se ser o contrário. Como os nossos que dão risada quando pegados com as mãos na massa. O mal, e para mim o mal, é torturar ou matar o próximo. Esse é essencialmente o mal. O resto não. O mal é se infligir direta ou indiretamente ao semelhante qualquer tipo de assassinato, de humilhação, de tortura física ou psicológica. Ninguém tem esse direito. Para mim basta um artigo na constituição: não maltratar o próximo. Os seguintes são comentários e extensão desse princípio básico. 
O máximo do terror contra o ser humano ocorreu na história muitas vezes. Não pretendo historiar porque seria uma ensaio de longas páginas. Vou pegar os da história recente que mais traumatizaram toda a humanidade. O nazismo, o fascismo, o stalinismo. O resto são cópias, terríveis também, mas repito, não estou fazendo uma história da tortura e assassinato do homem pelo homem. Por que estou dizendo essas coisas? Por causa de uma excelente filme espanhol que, finalmente, está sendo exibido com atraso agora em Salvador. A Voz Adormecida. 
E aí me dei conta, ao assistir o filme, que só a Alemanha proíbe o nazismo se organizar como partido em seu solo. E mostra, o que admiro muito, a vergonha que esse episódio enlameou para toda a vida a sua nação. Foram nações que ficaram marcadas querendo ou não. E a vergonha e o repúdio é o mínimo para recuperar  um pouco da honra perdida. Mas a Alemanha tomou providências e aceitou esse período como uma mancha, com vergonha do que aconteceu. Entretanto, a Espanha não. A Itália não. A igreja Católica que sempre ficou aliada ao fascismo e da besta fera que foi Franco, também nada diz e não se manisfesta. Não se envergonham da calamidade que esses monstros fizeram com  o apoio da Igreja inclusive na Espanha. Não se envergonham. Aliás, uma Igreja que criou a inquisição não tem vergonha de nada de mal que faz aos outros. Não amam o próximo como a si mesmo e diante de uma ditadura sai correndo para apoiar o genocídio. Isso muitos idiotas católicos não querem falar nem percebem que, fazer mal ao outro é uma vergonha, devido a idiotia. Ao contrário, ficam procurando alguém para torturar, sob qualquer pretexto, para torturar. Bem, tanto a Espanha como a Itália, culturas que aprecio, povo que me irmano, gosto de ambos, deveriam fazer como a Alemanha: repudiar de forma radical, e sempre lembrar, as atrocidades que cometeram o governo de Franco e Mussolini. Não tiveram nenhuma diferença do nazismo.  Vejam o filme.  Fizeram coisas até piores. É preciso nunca esquecermos. É preciso se cobrar desses países que se envergonhem da selvageria sem par que ocorreu dentro de suas fronteiras. Não podemos esquecer nunca o mal. Porque ao ser esquecido ele volta com nova face. E o mal aqui repito, é torturar, humilhar, matar o próximo. Não existe civilização onde o outro não é igual nem respeitado por todos. Só existe o nazismo sob várias formas. Admiro muito os judeus nesse aspecto. Jamais se deve esquecer o mal e quem nos fez o mal.  Eles jamais esqueceram. E não devem jamais esquecer o que não pode ser esquecido. É essa memória biológica, para dar mais ênfase ao que estou dizendo, que faz a humanidade existir. Vá ao cinema ver na tela grande. Passe, se é professor, para seus alunos, divulgue entre seus amigos. Eu espero que os consulados e as organizações da Espanha, que hoje é democrática, o exiba e promova debates. É o mínimo que podem fazer. Parece que está disponível na internet, mas repito, vá assistir no cinema. Está sendo exibido nessa semana. Não se omitam. Junto com Alexandria (Ágora) esse é um filme fabuloso. Ambos são filmes espanhóis. Nem todos os espanhóis são fascistas hoje em dia. Que a Espanha reconheça esse período de nazismo em seu país e o expurgue porque jamais será esquecido. VEJAM O FILME. 

Um comentário:

  1. Gostei do texto. Realmente a vergonha é revolucionária, embora aqui neste blog já se fez pregação de ideias nitidamente de direita, pregações do cinismo e da humilhação do ser humano tais como fazer coisas que não acreditam só por dinheiro. Até um filme abertamente fascista como o "Tropa de Elite 2" já foi elogiado aqui sem restrições, sem entender e realçar a posição ambivalente do
    roteiro.

    Este filme, "Tropa 2", mostra o ponto de vista da polícia sobre a criminalidade da ralé e o tratamento que a polícia dispensa a esta gente, tortura, extorsão e morte. Elogiar este filme incondicionalmente como sendo revolucionário é um erro pois a polícia é um antro de protofascistas, adeptos da força e da violência, foi e sempre será um antro de recrutamento de fascistas.

    Portanto, se livrem deste fardo de alienação e de cinismo, não permitam que direitistas se manifestem por aqui; sei que é difícil pois tem um membro deste blog adepto do direitismo mais infamante, adepto de Diogo Mainardi, um bandido virtual que foi obrigado a fugir para outro país, a Itália, para não ir preso em face dos mais de 300 processos que enfrenta acusado de crimes contra a honra. Se fosse pobre seria execrado e pedida a morte, como se defende aqui, como forma de combater a "bandidagem", mas como é rico e branco é chamado de grande intelectual...

    Existe neste comentário uma palavra minha que não seja verdade?


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