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domingo, 22 de outubro de 2017

Foucault: o pensamento da liberdade

Ricardo Líper

Da série: quase um resumo.

Todo o pensamento de Foucault visa mostrar que aquilo que dizem os médicos, cientistas, filósofos são invenções teóricas, chamadas por ele de discursos. Os discursos terminam por dominar e perseguir os semelhantes, os escravizando. Por isso ele começou com A História da Loucura e depois As Palavras e as Coisas. Mostrou que as palavras distorcem as coisas porque se organizam a partir de epistemes, ou seja, paradigmas, como também detectou Thomas Kuhn nas ciências exatas. As epistemes são normas a priori para se conhecer. E essas normas são diferentes em cada época e, às vezes, não percebidas imediatamente por quem quem as exerce. E outra coisa importante é que elas não têm nem continuidade nem progresso. Existem apenas rupturas e mutações em cada episteme em cada época. Viseiras e equívocos, portanto, em cada época e local. O constante é a dominação do homem pelo homem por discursos. Ou seja, o muito falar sobre a vida dos outros se dizendo cientista.  Quer dizer um a priori dando o poder ao dono da verdade. Neste caso são os cientistas, principalmente, das ciências humanas. Portanto, quando as coisas entram em um discurso a finalidade é exercer o poder sobre elas. E o mesmo ocorre quando as pessoas são transformadas em coisas para, entrando em um discurso, serem dominadas e excluídas. E Foucault foi, de curso em curso, livros em livros, mostrando como, principalmente as ciências humanas surgiram e criaram discursos, em um saber-poder no decorrer da história. A comparação histórica dos equívocos dos discursos é o que denuncia as tolices que disseram. A estratégia política é quando se coloca um comportamento humano como objeto de pesquisa visando criar uma “verdade” por outro para dominá-lo. E detonando sua subjetividade e colocando nela a criada pelos médicos e excluí-lo no hospício ou em uma cadeia e, depois de morto, no inferno. E Foucault deu a solução com o conceito de o cuidado de si, que quer dizer se autogerir. E assim veio buscar inicialmente essa liberdade nos estoicos e depois nos cínicos. Eles foram importantes porque criavam suas verdades e recusavam a dos que queriam dominá-los pelos discursos, se imaginando serem os supostos donos da verdade, pelas ciências sociais e as que se dizem humanas etc. 

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